Sobre os “patrimônios de Bom Jesus do Itabapoana” – o que sabemos?
Duas
perguntas dirigidas aos alunos para tarefas escolares em casa, me levaram a
refletir toda conjuntura sobre o tema
O que me
provocou a fundo, foi o fato de termos escolas que aplicam conteúdo local em
suas atividades curriculares, e ao mesmo tempo não temos fontes documentadas,
sejam oficiais ou extraoficiais, que ofereçam respostas e informações
detalhadas, para assim os alunos bom-jesuenses terem conteúdo de qualidade
sobre Bom Jesus...
...e não
informações superficiais e desconectadas de nossa realidade, seja do presente
ou do passado, temos muitos registros documentados e catalogados para formarmos
um acervo robusto sobre nossos patrimônios...
...jamais
podemos nos render a tese de que perdemos tudo e assim permaneceremos, pois
hoje temos frentes organizadas que trabalham pela preservação e resgate de
nossos patrimônios que merecem não só reconhecimento, mas sobretudo apoio e
adesão de toda sociedade, para que esta tenha ciência do que ainda nos resta para assim todos
defenderem a preservação.
Abaixo segue o texto do primeiro capítulo, do estudo sobre os patrimônios de Bom Jesus do Itabapoana, com uma abordagem conjuntural a partir de junho de 2011, quando iniciei as atividades do blog Culturismo BJI, e a acompanhar as atividades do Espaço Cultural Luciano Bastos. Boa leitura a todos!
Patrimônios de Bom Jesus do Itabapoana-RJ | históricos e
naturais
Arquitetônicos, Imateriais, Arqueológicos e Paisagísticos
Introdução:
O
que se pretende neste documento, é atender um pedido manifestado na internet,
que na verdade foi uma provocação, pois tal demanda apesar de essencial, ela
ainda não tem um conjunto de ações e informações que estejam coordenadas a
ponto de termos uma só fonte oficial para nos informar sobre os patrimônios da
cidade de Bom Jesus do Itabapoana, no caso os que serão abordados aqui, ficando
este ativista devendo a abordagem sobre Bom Jesus do Norte.
A
pergunta feita pela mãe de um estudante de oito anos de idade é abrangente a
qualquer patrimônio da cidade e sobre quais iniciativas e projetos ajudam a
conserva-los, portanto, teremos então que abordar toda gama de patrimônios que
constitui todo nosso acervo histórico e natural, material e imaterial
existente, além das iniciativas e projetos de preservação dos mesmos, seja na
esfera pública ou privada. Com esse aspirante a historiador se disponibilizando
a organizar todos os registros de coberturas e entrevistas que abordam nossos
patrimônios, nas atividades realizadas com o blog Culturismo BJI e no canal
YouTube Blog do Frederico TV, que acompanharam de perto todos os acontecimentos
históricos em Bom Jesus do Itabapoana desde 2011, e sempre acompanhando as
ações do Poder Legislativo na esfera pública, ou na cobertura dos eventos
realizados pelo Espaço Cultural Luciano Bastos e a editora O Norte Fluminense
na esfera privada, sempre capitaneados pelo dr. Gino Bastos com sua incessante
luta pela preservação do patrimônio histórico e da memória de nossa terra, bem
como nas atividades da Associação de Desenvolvimento Rural e Urbano de
Calheiros e a Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger
Silveira.
Os patrimônios de Bom Jesus do
Itabapoana são preservados?
Adaptando
a pergunta feita pela organização do trabalho escolar, de certa forma podemos
responder que NÃO e SIM ao mesmo tempo, pois mesmo com tantas perdas que
sofremos nas últimas décadas pelos mais diversos fatores, nos últimos anos
tivemos muitas iniciativas concretas dentro do contexto da preservação
patrimonial, seja por parte de governantes ou de ativistas de nossa sociedade
organizada, hoje temos ainda um considerável acervo em situação de preservação
consolidada, inclusive com amparo legal em alguns casos. Sendo o grande desafio
neste tema estar no fato de que as ações e projetos acontecem de maneira
fragmentada, sem coordenação e sem que tenhamos consolidada uma política
pública voltada para a preservação patrimonial como um todo, o que temos são
iniciativas isoladas de alguns poucos vereadores, e por parte de proprietários
de imóveis urbanos e rurais que preservam seus patrimônios por conta própria,
além das atividades do Espaço Cultural Luciano Bastos e da editora O Norte
Fluminense, que passaram a trabalhar em sintonia com o Poder Executivo a partir
de 2017.
Quais as iniciativas e projetos
ajudam a conserva-los?
Dentro
do arcabouço jurídico, temos na Lei Complementar 01 de 06 de novembro de 2006,
que dispõe sobre o Plano Diretor Participativo de Bom Jesus do Itabapoana e que
deveria ter sido revisto desde 06 de novembro de 2016, mas mesmo assim, é o
mais abrangente instrumento legal que versa dentre todos os temas elencados, as
questões pertinentes aos patrimônios do município, sejam eles os
históricos/arquitetônicos/culturais/materiais/imateriais, ou os patrimônios
naturais e arqueológicos, porém ele jamais serviu como escudo jurídico para as
muitas perdas que tivemos na última década, haja visto que mesmo estando
inseridos dentro do regramento de preservação prevista no Plano Diretor, só
para exemplificar resumidamente, a réplica da usina Franca Amaral e o prédio do
Hotel Central na praça Governador Portela, e a Árvore Criminosa, o Forno
Indígena e o Túmulo do Padre Preto em Calheiros foram extintos de nosso acervo
em passado recente, muito por falta de uma ação coletiva e organizada pela
defesa desses patrimônios na época dos acontecimentos, tivemos muita indignação
popular e poucas vozes dispostas a enfrentar os interesses comerciais e
políticos que eliminaram com esses patrimônios.
Paralelo
ao Plano Diretor Participativo de Bom Jesus do Itabapoana, ainda temos um
conjunto de projetos de leis que certificam como patrimônios históricos,
culturais, turísticos, materiais ou imateriais, determinados eventos culturais
e imóveis históricos do município, porém são projetos propostos de forma
fragmentada por diversos vereadores podendo aqui citar o Museu de Imagem de
Pirapetinga e eventos como a Tenda Cultural, o Festival de Chorinho e Sanfona
de Rosal e a Feira Literária de Pirapetinga dentre outros, e em muitos dos
casos foram aprovados meramente por casuísmo político, sem que houvesse uma
preocupação em avançar no debate sobre a preservação dos patrimônios de Bom
Jesus do Itabapoana. Todo esse conjunto de projetos de lei de preservação
patrimonial de BJI aprovados isoladamente por diversos vereadores, pode ser
encontrado na lei 1.317 de 27 de março de 2018, que aborda sobre a política
municipal de turismo.
Importante
ressaltar que em nenhuma dessas iniciativas e instrumentos legais aprovados
desde 2006, não dão proteção legal para preservação, não há nenhum patrimônio
de qualquer natureza que esteja protegido por um processo de TOMBAMENTO,
somente o prédio do Cine Monte Líbano que foi submetido a um processo no
INEPAC, e mesmo assim o mesmo não avançou além do tombamento provisório datado
em 09/12/2002, e atualmente não se tem notícia oficial ou extraoficial de como
está este processo.
Dentro
da iniciativa privada, falar em preservação patrimonial de Bom Jesus do
Itabapoana, é regra básica se nortear pelas ações realizadas pelo Espaço
Cultural Luciano Bastos a partir de agosto de 2011, quando fundado no prédio
histórico do Colégio Rio Branco, e junto com a editora O Norte Fluminense, com
iniciativas que buscaram não só incentivar, mas como também fomentar a
preservação e o resgate de patrimônios bom-jesuenses de variadas searas.
Dentre
as inúmeras iniciativas concretizadas e em fase de construção por parte do
ECLB, temos a restauração da fachada do prédio histórico da Professora Amália
Teixeira em 2014, e o processo de recuperação do cine-teatro Conchita de
Moraes, na Usina Santa Maria, além das parcerias na implantação do Museu da
Cerâmica no centro de Bom Jesus do Itabapoana, e o Museu da Cachaça, na Fazenda
Matinhos, localizada no distrito de Serrinha, com o dr. Gino incentivando e
colaborando com os proprietários dos respectivos estabelecimentos e a
catalogarem e preservar todo aparato histórico existente para exposição
permanente. Tais iniciativas, sem dúvidas que contribuem para o enriquecimento
e preservação de nosso acervo patrimonial, seja ele arquitetônico ou de
memória, hoje podemos buscar fontes de informações de nossa história, que estão
devidamente preservadas e acessíveis nesses recintos.
Ainda
dentro da esfera privada, ou pela iniciativa popular, temos o extraordinário trabalho
realizado em Calheiros com duas associações, a de Desenvolvimento Rural e
Urbano e a dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, que
juntas vem edificando um trabalho de resgate e preservação histórica, com a
criação do memorial dos ex-governadores bom-jesuenses, a criação da Praça Três
Irmãos e o monumento ao Padre Preto, e com o trabalho de pesquisa arqueológico
com os achados de utensílios e escavações que sugerem ser provenientes de povos
indígenas, ou de escravos em alguns pontos. Tudo englobando a preservação de
nosso patrimônio histórico, material e imaterial, além da constante luta contra
a construção da PCH Saltinho do Itabapoana em nome da preservação de um dos
mais importantes patrimônios naturais de toda bacia hidrográfica do Itabapoana,
a Cachoeira da Fumaça de Calheiros.
A
princípio, esse capítulo introdutório visa oferecer uma dissertação conjuntural
sobre os patrimônios de Bom Jesus do Itabapoana, esclarecendo de antemão que
algumas iniciativas aqui citadas não correspondem a todas existentes, com as
não mencionadas aqui sendo abordadas em breve, nos próximos capítulos do estudo
em tela, com a catalogação de todo acervo patrimonial registrado a partir de
2011, com os respectivos relatos sobre os mesmos. Prevendo inclusive pautar uma
dissertação exclusiva sobre os patrimônios naturais, com suas respectivas
políticas de preservação, sejam elas públicas ou privadas.
Bom Jesus do Itabapoana, 10 de junho de 2020 – Frederico
Sueth Rangel
Abaixo temos imagens de alguns, dos muitos patrimônios de Bom Jesus do Itabapoana, que resistem ao tempo e que são preservados. Qual, ou quais, desses patrimônios de BJI você conhece?
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