Dívida Pública Brasileira – O debate que o sistema PROÍBE
Esta publicação tem como
objetivo primordial na colaboração para um debate político justo e
principalmente lúcido em nossa sociedade; bom-jesuenses, fluminenses e
brasileiros, peço-lhes que dediquem um tempo na leitura deste texto, que é
longo por necessidade para que todos tenham condições plenas de conhecer qual é
de fato o maior problema de nossa nação, assim como qual é de fato o maior
escândalo de corrupção de nossa história.
As informações e conclusões
que desenvolvo neste artigo foram obtidas no documentário “Dívida Pública – A
soberania na corda bamba”, que foi produzido pelo ONG Auditoria Cidadã e que
também peço encarecidamente a todos que dediquem um tempo para assistir este
filme que nos apresenta fatos e números estarrecedores. Apesar do filme tendo
logo na abertura a participação de João Pedro Stédile do MST, esta ONG não tem
ligação com nenhum seguimento político/partidário ou com movimento sociais
relacionados ao governo federal. (Clique aqui ou na imagem acima e assista o documentário).
Este documentário mostra com
clareza quem ou o “quê” domina o país desde 1977, a causa de todos os problemas
do País se chama DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, o maior escândalo de corrupção de
nossa história, para vocês terem uma ideia, a dívida pública consome do suor dos
brasileiros algo em torno de 20 PETROLÕES POR DIA no pagamento de juros e
amortizações.
Neste contexto e dentro da
cultura do personalismo político entre os brasileiros, me sinto à vontade para
sugerir a responsabilização de três presidentes como os maiores vilões econômicos de nossa
história recente: Em 1977 Ernesto Giesel, em 1995 Fernando Henrique e em 2008
Lula. Lendo com atenção os três tópicos a seguir, veremos que cada um deles em
seus respectivos governos deram cada um com suas mortais contribuições para a
consolidação da dívida pública brasileira.
*1977 – Ernesto Giesel sob
forte pressão do EUA, que vivia a crise do petróleo e precisava emitir seus
papéis injetando dólares americanos em países em desenvolvimento com
empréstimos a juros atraentes de 4% ao ano, o presidente militar aceita a
imposição pela tomada de empréstimos junto ao FMI sob contratos explicitamente
abusivos e ilegais, como exemplo temos o fato dos empréstimos terem sido
selados sob juros flutuantes, o que é proibido em todas os tratados comerciais
da OMC, e o resultado é que os juros dispararam chegando a 29% nos anos 80 no
governo Figueiredo que alcançara uma inflação de 70% ao mês, e mais adiante
quebrando o País no início do governo José Sarney.
O presidente Sarney chegou a
propor a CPI dos Bancos no Congresso, porém as pressões do capital especulativo
abafaram a CPI com a retirada de assinaturas de diversos deputados e senadores.
Cabe ressaltar que esses empréstimos foram na maioria dos casos destinados para
projetos fracassados dos militares, como a Transamazônica e as usinas nucleares
de Angra.
*1995 – Fernando Henrique
Cardoso ao implantar o Plano Real adotou o “tripé” de sustentação da política
macroeconômica do plano com as metas de inflação, câmbio fixo (paridade
Dólar/Real) e depois passando para flutuante em 1999, e o famigerado SUPERÁVIT
PRIMÁRIO para pagar os juros da dívida interna, que havia dado um salto
estratosférico quando o governo FHC realizou o pacto federativo assumindo todos
os papéis das dívidas de estados e municípios com os bancos e fundos de
investimentos, naquela época a dívida pública brasileira caminhava a passos
largos para a casa dos trilhões de reais.
*2008 – Todos se lembram
muito bem quando o ex-presidente Lula anunciou com peito estufado que o Brasil
havia quitado a dívida externa com o FMI, e que a partir de então ele passaria
a ser país credor, talvez tenha sido o ápice das realizações de seu governo, no
entanto, o que de fato ocorreu foi um perfeito golpe publicitário para o
petista e um escandaloso golpe financeiro pra os rentistas, senão vejamos;
De fato o FMI recebeu todos
os 250 bilhões referentes a dívida, porém não foi o governo brasileiro que
pagou, e sim os bancos e fundos de investimentos que aqui operam que compraram
a dívida que foi incorporada a dívida interna que é “gerida” por eles, antes o
Brasil pagava ao FMI juros de 6% ao ano, e com a nacionalização da dívida o
País passou a pagar ao sistema financeiro privado brasileiro na mesma dívida com
19% de juros ao ano. Bom negócio, não?
A constituição de 1988 prevê
que se realize a auditoria da dívida pública para que toda sociedade tenha
conhecimento de quem são os credores desta dívida, quais as cláusulas
contratuais desta dívida e quanto de fato é devido pelo País, no entanto,
nenhum presidente desde 1990 não realizou a imprescindível auditoria na dívida
pública.
Para termos um exemplo
estarrecedor, desde 1995 quando foi adotado o superávit primário até 2015 (passando
pelos governos FHC, Lula e Dilma), nós já pagamos quase 9 TRILHÕES de reais
somente a título de juros e “amortização” da dívida, sendo que o valor total da
dívida é 4 TRILHÕES, ou seja, já pagamos duas dívidas e ainda estamos devendo.
Para discutir o Brasil do
futuro, o único caminho é pressionar que se faça a auditoria da dívida pública
para estancar esta sangria financeira que concentra todas as mazelas do país.
Apesar do tema sobre a
auditoria da dívida pública ser levantando invariavelmente pelos setores de
esquerda de nossa política, o tema vai muito além de posicionamento ideológico,
trata-se de graves violações de nossa soberania nacional, e para enfrentar esta
questão somente com radicalismo para romper com o sistema “neoliberal”.
Como exemplo de que a dívida
pública é um tema que transcende as fronteiras ideológicas entre direita e
esquerda, nas eleições presidenciais de 2014, de todos os candidatos ao governo
federal somente dois deles defenderam a auditoria da dívida pública com
insistência e iniciativa, e por incrível que pareça foram os dois mais radicais
e antagônicos em quase tudo que defenderam, Luciana Genro e Levir Fidélix.
Este tema ainda vai render
outras publicações sobre fatores que impedem que o debate da pública ganhe seu
devido espaço em todos os meios de comunicação e nos partidos políticos também,
por enquanto vamos assistir ao documentário, e reflitam sobre a imagem do
gráfico no sugestivo formato de “pizza” que demonstra o quanto do nosso
orçamento vai para o pagamento de juros e “amortizações” de uma dívida que
nunca é amortizada, somente aumenta.
A próxima publicação a
respeito, abordarei um fato histórico ocorrido entre os anos de 2000 e 2002
para todos entenderem como a informação era livremente manipulada sem o advento
das redes sociais.
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