Prefeituras driblam o Índice de Gestão Fiscal da Firjan com a farra dos RPA’s
Municípios como Bom Jesus do Itabapoana “se destacaram” com o baixo índice de gasto com pessoal
O estudo,
que é de suma importância para se debater o desenvolvimento dos municípios,
está sendo ludibriado no quesito “gastos com pessoal”, pois a fonte da pesquisa
são os dados disponíveis no Tribunal de Contas, nele não consta os contratados
por RPA nas despesas da folha de pagamento, resultando em um índice percentual
da folha muito menor do que seria se todos os contratados estivessem dentro da
folha de pagamento.
Abaixo, segue o informativo da Firjan sobre o Índice de Gestão fiscal, referente ao exercício de 2020, e mesmo com a "maquiagem-RPA" no gasto com pessoal, os municípios do Noroeste Fluminense estão mito posicionados, exceto Itaperuna.
Mais de 70% das cidades do Noroeste
Fluminense têm situação fiscal difícil ou crítica, revela Índice Firjan de
Gestão Fiscal
Itaperuna
foi a 14ª cidade do estado com melhor gestão fiscal, enquanto Aperipé ocupou
a 74ª, uma das últimas colocações do Rio de Janeiro
Itaperuna,
21 outubro de 2021
O Índice
Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta quinta-feira, dia 21, revela
que 72,7% das cidades do Noroeste Fluminense têm situação fiscal difícil ou
crítica. No estudo, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan), foram avaliados dados referentes a 2020 de 77 dos 92
municípios do estado, que, na média, atingiram 0,5249 ponto – enquanto no Norte
Fluminense a média foi de 0,4927. O índice varia de zero a um, sendo que,
quanto mais próximo de um, melhor a gestão fiscal.
Itaperuna
se destaca com o maior índice geral na região, além do 14º no estado. Os
números foram influenciados pelo alto nível do indicador de Liquidez, no
qual apresentou nota máxima, e baixo nível de rigidez orçamentária. No entanto,
o estudo destaca que o cenário de pandemia - que exigiu ações extraordinárias
para que os impactos sobre a saúde e a economia fossem minimizados - e as
eleições municipais - que historicamente levam a um esforço maior para
planejamento financeiro e investimentos - contribuíram para a melhora do quadro
fiscal dos municípios brasileiros. Apesar disso, cabe ainda destacar que o ano
de 2020 em Itaperuna também foi marcado pela baixa autonomia e pela dificuldade
em fazer investimentos.
Também
tiveram a gestão fiscal afetada pela baixa autonomia os municípios de Aperibé e
Varre-sai, que receberam nota zero no indicador. Ou seja, as receitas geradas
nos municípios não foram suficientes para custear a estrutura administrativa
municipal. Aperibé ainda apresentou alto nível de rigidez orçamentária e baixo
nível de investimentos, fazendo a cidade ocupar a 74ª posição no ranking de 77
municípios fluminenses.
Natividade,
Porciúncula e Bom Jesus do Itabapoana são destaques no indicador de Gastos com
Pessoal, apresentando nota máxima – ou seja comprometeram menos de 45% de suas
receitas com despesas desse tipo. Quanto à Liquidez, Natividade – ao lado de
Itaperuna, São José de Ubá e Italva – também apresentou nota máxima no
indicador. Já o município de Itaocara se destacou negativamente, recebendo nota
zero, o que significa que não deixou recursos em caixa suficientes para cobrir
as despesas postergadas para o ano seguinte.
No total,
foram avaliadas no IFGF 5.239 cidades brasileiras que declararam suas contas de
2020 de forma consistente até 10 de agosto de 2021. A Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) determina que até 30 de abril de cada ano as prefeituras devem
encaminhar suas declarações referentes ao ano anterior à Secretaria do Tesouro
Nacional (STN). Na média, os municípios brasileiros registraram 0,5456 ponto e,
de acordo com a análise, o quadro é preocupante.
O
presidente em exercício da Firjan, Luiz Césio Caetano, ressalta que reformas do
federalismo fiscal brasileiro são fundamentais. “O equilíbrio sustentável das
contas públicas municipais é essencial para o bem-estar da população e a
melhoria do ambiente de negócios. E isso só será possível com a concretização
de reformas estruturais que incluam as cidades”, destaca Caetano.
O IFGF é
composto pelos indicadores de Autonomia, Gastos com Pessoal, Liquidez e
Investimentos. Após a análise de cada um deles, cada município é classificado
em um dos conceitos do estudo: gestão crítica (resultados inferiores a 0,4
ponto), gestão em dificuldade (resultados entre 0,4 e 0,6 ponto), boa gestão
(resultados entre 0,6 e 0,8 ponto) e gestão de excelência (resultados superiores
a 0,8 ponto).
Reformas
fiscais são urgentes
No
estado, apenas Niterói (1ª posição), Piraí (2ª) e Itatiaia (3ª) atingiram
gestão fiscal de excelência. A capital também registrou situação crítica em
2020 (0,3043 ponto) e ficou na 70ª posição no ranking estadual. No ranking das
25 capitais analisadas, foi a última colocada – já que Belém (PA) não declarou
as informações fiscais dentro do prazo legal determinado pela LRF e por isso
não foi avaliada nesta edição do estudo.
Ao todo, o IFGF registrou 3.024 cidades brasileiras em situação fiscal difícil
ou crítica. De acordo com o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas
Goulart, a dificuldade de geração de receita pelos municípios brasileiros é o
principal entrave para a melhora das contas públicas. Na média, as 5.239
cidades analisadas no estudo atingiram 0,3909 ponto no indicador de Autonomia -
o pior desempenho entre os quatro analisados no IFGF.
“Importante
colocar que, entre as 5.239 cidades avaliadas, 1.704 (32,5%) não são capazes de
gerar localmente, no mínimo, recursos suficientes para arcar com os custos da
Câmara de Vereadores e da estrutura administrativa da Prefeitura”, ressalta
Jonathas Goulart. Para esses municípios que não geraram receita para arcar com
os custos mínimos de existência foram necessárias transferências que
totalizaram R$ 4,5 bilhões - recurso que poderia ser alocado, por exemplo, em
habitação e saneamento para a população.
A
despeito de alguns dos resultados positivos terem sido influenciados pela
pandemia e pelas eleições, a Firjan ressalta que o cenário ainda é preocupante
e que o equilíbrio sustentável das contas públicas depende principalmente de
reformas do federalismo fiscal brasileiro. Para a federação, o planejamento
financeiro eficiente (IFGF Liquidez) e o alto nível de investimentos (IFGF
Investimentos), de forma perene, dependem de reformas que contribuam para o
aumento da capacidade de sustento das prefeituras (IFGF Autonomia) e para a
flexibilidade orçamentária (IFGF Gastos com Pessoal)
Entre as
mudanças estruturais necessárias, a Firjan destaca a reforma tributária, com a
inclusão do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); a revisão das
regras de distribuição de receitas, entre elas o Fundo de Participação dos Municípios
(FPM); a reforma administrativa abrangendo os municípios; a reforma da
previdência das cidades com regimes próprios; e a revisão das regras de criação
e fusão de municípios, após a concretização das demais reformas. De acordo com
o estudo, também é fundamental a aplicação das penalidades para o não
cumprimento de regras fiscais, conforme determina a legislação.
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