Custos da corrupção
Por Alex Ellis
- Embaixador Britânico no Brasil que prefere dizer "the book is not on the
table" | Publicado: 10/12/2014
Tive o privilégio de ser convidado, além dos Ministros de
Transporte, Educação e Trabalho, para participar desta terça-feira, 9, de um
evento na CGU para marcar o Dia Internacional de Combate à Corrupção. É
evidente que o contexto do escândalo da Petrobras deu uma relevância maior ao
evento, no qual o Ministro da CGU falou com clareza sobre o câncer que é a
corrupção.
Não cabe a mim, de fora, falar sobre um caso específico que
está, aliás, sob judice. Mas a ocasião me deu a oportunidade, logo depois da
publicação de um relatório interessante da OCDE sobre a corrupção, de fazer
alguns comentários sobre o tema.
A minha principal observação é simples. Quem paga pela
corrupção é o pobre. O pobre que pega um ônibus sem ar condicionado, às vezes
sem muito mais que isso.
O pobre que tem que enviar os filhos para uma escola
ruim porque os impostos arrecadados não são suficientes para pagar professores,
ou alimentar os alunos. A luta contra a corrupção é uma luta para assegurar
justiça social. No geral, os países mais justos, que oferecem melhores
condições para todos, são aqueles que conseguem lutar efetivamente contra corrupção.
O custo da corrupção vai muito além do custo direto.
Corrupção enfraquece confiança; confiança no bom funcionamento do estado, do
mercado, dos serviços públicos. Num ambiente corrupto, pessoas são menos
dispostas a trabalhar para o bem comum, porque suspeitam que os vizinhos não
são engajados numa visão comum. Sem confiança, nenhum país pode avançar em
termos econômicos e sociais.
Mas nenhum país está isento dos problemas da corrupção. Há corruptores e corrompidos, e muitos, como observa o OCDE, vem de países ricos. Por isso o meu país, o Reino Unido, introduziu uma nova leicontra a corrupção em 2011, e emitiu ontem um novo programa de ação para lutar contra a corrupção. Por isso que o Primeiro Ministro britânico estabeleceu medidas contra a corrupção no G8 e no G20, por exemplo sobre quem tem o usufruto nas empresas, e para facilitar o intercâmbio de informação sobre impostos.
Mas nenhum país está isento dos problemas da corrupção. Há corruptores e corrompidos, e muitos, como observa o OCDE, vem de países ricos. Por isso o meu país, o Reino Unido, introduziu uma nova leicontra a corrupção em 2011, e emitiu ontem um novo programa de ação para lutar contra a corrupção. Por isso que o Primeiro Ministro britânico estabeleceu medidas contra a corrupção no G8 e no G20, por exemplo sobre quem tem o usufruto nas empresas, e para facilitar o intercâmbio de informação sobre impostos.
O Brasil para nós é um parceiro primordial na luta contra
corrupção. Já temos vários projetos comuns, por exemplo, com a CGU sobre a
legislação para combater a corrupção, que apoiam a busca por maior
transparência e, consequentemente, redução da corrupção.
Também trabalhamos no nível estadual, com o estado de São
Paulo, com quem nós compartilhamos expertise na implementação da lei
anticorrupção e melhorando o acesso à informação ao promover outras ações como
a ampliação de bases de dados do governo e o estímulo ao uso desses dados pelos
cidadãos.
O Reino Unido, sendo considerado exemplo com a implementação desse
tipo de legislação, se propôs a compartilhar melhores práticas através deste
projeto com o estado, promovendo a implementação desta lei da forma mais eficaz
possível.
Além disso, trabalhamos com o governo federal na Parceria
Governo Aberto (OGP) - tenho orgulho de dizer que meu país foi um dos dois
primeiros co-presidentes do OGP e continuará a trabalhar com o Brasil por meio
desse fórum nos próximos anos como membro recém-eleito do Comitê Diretor.
O exemplo pessoal conta, além do trabalho dos governos.
Fiquei honrado em conhecer um taxista de São Paulo que ganhou um prêmio por ter
devolvido 40 (40!) ingressos para a Copa para turistas mexicanas que os tinham
deixado no táxi dele, um dia antes do jogo. Um exemplo para todos nós.
Isto é uma luta sem fim. Mas com cooperação internacional,
com informação ao qual o público pode ter acesso, com leis certas e - talvez
tão importante quanto as leis - com a implementação delas e tribunais
eficientes para fornecer justiça, esta luta dará resultado para quem precisa
deste apoio, os marginalizados em todos os países.
Como escrevi, a luta contra
a corrupção é uma luta para justiça social.
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