Segurança Pública em colapso – Justificando o injustificável

Sempre quando um assassino fardado é flagrado e vira notícia de grande repercussão, os adoradores-fardados da morte procuram logo publicar que o assassinado era um terrível traficante, como se justificasse o genocídio que eles promovem em um País onde não é prevista a pena de morte.

Quando na mesma semana em que assassinos fardados são flagrados em ação, e um policial é brutalmente assassinado por criminosos civis, eles ganham mais conteúdo para suas justificativas injustificáveis, deixando claro que eles matam os negros e pobres das favelas para compensar os policiais mortos.


Ocorre que neste ano foram mortos 53 policiais em serviço ou de folga, ao passo que somente até junho deste ano a polícia militar do Rio de Janeiro já assassinou quase 350 pessoas, o número de assassinatos cometidos pelos criminosos fardados, são sete vezes mais do que os policiais mortos.

A diferença do criminoso civil para o militar, é que o primeiro é identificável, sabemos que aquele indivíduo portando arma de fogo em comunidades dominadas pelo tráfico, ou com uma mochila cheia de drogas embaladas para o tráfico é um criminoso, eles se exibem como tais inclusive.

Já os criminosos fardados são traiçoeiros, eles são assassinos travestidos de agentes de segurança pública, o cidadão comum e de bem jamais terá como saber qual fardado é honesto e qual é o fardado assassino, os assassinos fardados têm ainda as ferramentas do estado em suas mãos para praticarem seus crimes, na maioria absoluta das vezes impunes, e assim causar esta tragédia.

Somente em uma chacina em São Paulo foram assassinadas pessoas inocentes em número que quase atinge a metade de policiais assassinados no RJ.

O militarismo retrógrado está presente em nossa sociedade, justamente no aparato que mais mata e que mais morre no mundo. Mais de 70% dos policiais militares defendem o fim do militarismo nas polícias e a desvinculação do exército. O militarismo nas polícias hoje resulta nesta barbárie insana onde temos um exército de assassinos travestidos de agentes de segurança pública. 


O grande problema é que os policiais criminosos somente são punidos e excluídos da corporação quando são flagrados e o caso repercute, sendo que ações criminosas como esta desta matéria é uma trágica rotina no Estado do Rio de Janeiro.

Em Bom Jesus do Itabapoana por exemplo, tivemos um caso no ano passado que uma guarnição do GAT foi chamada para uma ocorrência de briga de casal, que são indivíduos envolvidos com diversos crimes e delitos em BJI.

A polícia em vez de chegar na casa onde estava ocorrendo a briga dentro daquilo que se prevê em treinamento e na legislação, eles arrombaram a casa, e entraram espancando as duas mulheres que estavam na casa, o homem que era o agressor conseguiu escapar.

A partir daí o que se viu foi um show de horrores da PMERJ de Bom Jesus, sendo que a guarnição em perseguição ao denunciado na briga, saiu atirando contra ele sem o menor controle e equilíbrio no Complexo Esportivo do Pimentel Marques, que no horário contava com mais de cem crianças fazendo atividades esportivas.

O tumulto, o pânico e a correria foi geral, com diversas crianças passando mal. Foram mais de quinze tiros disparados entre o CP Pimentel Marques e o cais da beira rio, perto da CEDAE.

O fugitivo foi alvejado na perna ao atravessar o rio, e o policial que efetuou os disparos irresponsáveis ainda tentou forjar a cena do crime, plantando uma arma como se fosse do fugitivo, as câmeras do Complexo Esportivo desmentiram o policial, que ficou somente uns 40 dias afastado e este desequilibrado já se encontra de volta nas ruas como se nada tivesse ocorrido. 
Estou falando de uma ocorrência que foi devidamente abafada em Bom Jesus do Itabapoana.

O despreparo e o desequilíbrio deste policial foi gritante ao observarmos que o indivíduo que era o alvo da perseguição belicosa de mais de quinze disparos estava a pé, descalço, sem camisa e desarmado, e a polícia não teve um mínimo de estratégia para proporcionar um cerco ao alvo.

O que se tentou foi de fato executar um jovem de 22 anos, negro e de periferia envolvido com crimes e delitos.

Esta história ainda tem uma suposta armação que parece ser como uma espécie de código de hierarquia informal dentro das guarnições, em que para o inquérito policial sobre este caso, o policial que teria assumido a autoria dos disparos não seria de fato quem disparou, pelo fato deste que assumiu ser o que menos tempo de farda tem entre os cinco componentes da guarnição, fato que não posso confirmar a veracidade, mas que me foi passado como se de fato ocorreu.


O sargento que efetuou os disparos chegou a ameaçar o cidadão Alan Gonçalves, que na época tinha um blog e foi decisivo para desmascarar a fraude policial de que a vítima do disparo estaria armada e que teria atirado primeiro.

O próprio sargento tentou sustentar esta versão discutindo nas redes sociais, e em menos de 48 horas depois as imagens do circuito de monitoramento desmentiam o sargento.

A violência policial no Estado do Rio de Janeiro chegou a um ponto de neurose que qualquer cidadão pode ser vitimado por um policial desequilibrado, e em qualquer cidade do estado, e sem dúvidas que o espírito militarista imposto na formação dos policiais contribuem decisivamente para este cenário genocida.
Os policiais são preparados para uma guerra em que os alvos sempre são os próprios contribuintes que sustentam esta aberração institucional.

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