COVID-19 em BJI: A “terra de hospitalidade” não pode ser feita como a “terra de otários”

Leitos do H.S.V.P. custeados pela prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana estão sendo ocupados por pacientes de fora



Em abril passado, o governo municipal noticiou com alarde a instalação da UTI exclusiva para receber os pacientes na pandemia do coronavírus, sejam os que apresentam quadro suspeito ou os confirmados pelo teste, o investimento feito pelo Fundo Municipal de Saúde foi para atender aos bom-jesuenses...

...para atender a universalidade do SUS, o H.S.V.P. já conta desde 2016 com quinze leitos de UTI, sendo desses, dez para atendimento privado e cinco reservados aos pacientes SUS, nesses quinze leitos o hospital não só pode, mas deve receber pacientes de qualquer localidade...

...mas somente recebe aqueles munícipes de prefeituras que estabelecem convênio com o hospital, e mesmo assim com valores muito acima da tabela SUS, e sem passar pelo crivo do Conselho Municipal de Saúde, salientando ainda que, a rentabilidade desses convênios não beneficia o H.S.V.P., e sim a empresa terceirizada que obtém lucros exorbitantes nessas internações.

Os vinte e dois leitos de UTI providenciados PELA PREFEITURA são exclusivos para pacientes de Bom Jesus do Itabapoana, para justamente não termos problemas de falta de vagas na estrutura original do hospital, e o que está ocorrendo é inaceitável...

...com a prefeitura permitindo que pacientes de Carapebus e Rio das Ostras sejam internados nessa nova UTI, e com a empresa terceirizada faturando em cima daquilo que foi investido pelos contribuintes bom-jesuenses, um escárnio com nossa autonomia hospitalar, pois se temos uma nova estrutura, que esta seja destinada somente aos nossos munícipes...

...e não ao atendimento de convênios altamente lucrativos estabelecidos com outras prefeituras, portanto, não se trata de querer impedir que o Hospital São Vicente de Paulo receba pacientes de fora, até porque, os cidadãos de Bom Jesus do Norte não têm o mesmo tratamento que está sendo dado a pacientes de Rio das Ostras e Carapebus...

...nossos irmãos capixabas precisam peregrinar entre os hospitais de São José do Calçado e Cachoeiro de Itapemirim, assim como os cidadãos de Santo Eduardo e Santa Maria de Campos, que precisam se deslocarem para Campos dos Goytacazes, não há o que defender de qualquer iniciativa “humanista” por parte da direção do hospital, e sim lucrativa.

Se as prefeituras de Carapebus e Rio das Ostras, ou qualquer outra prefeitura desejam utilizar o atendimento do Hospital São Vicente de Paulo, que essas tratem de investir na infraestrutura para receberem seus munícipes, assim como faz a prefeitura de São José de Ubá com o Hospital São José do Avaí...

...que mantém um convênio permanente de uma ala inteira do hospital somente para pacientes de São José de Ubá, mas o que está acontecendo aqui é que, a prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana está estruturando um investimento que atenderá pacientes de outros municípios, sendo que tal investimento deveria ser dessas outras prefeituras ou da direção do hospital...

...ou ainda, poderíamos até concordar com o recebimento de pacientes de outras cidades desde que, as prefeituras de Rio das Ostras e Carapebus por exemplo, fizessem a negociação com a prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana, para que os fundos municipais de saúde desses municípios reembolsassem as diárias dos leitos custeados por BJI à prefeitura de BJI....

...e não da forma que está sendo feito, com as prefeituras da região norte e dos lagos negociando as internações de seus pacientes diretamente com a direção do hospital, para ocuparem leitos que não são do hospital, e sim da PMBJI.

Finalizando, abordo ainda a questão da sobrecarga viral que os profissionais de saúde de Bom Jesus do Itabapoana passarão a receber, além da que já estão absorvendo com os pacientes bom-jesuenses, agora eles terão uma carga extra, salientando ainda que, em Bom Jesus do Itabapoana somente temos UM PNEUMOLOGISTA...

...e tudo que não precisávamos era sobrecarrega-lo, ele deveria ser preservado ao máximo, mas a sanha pelo lucro incessante da terceirizada do hospital faz da pandemia um grande negócio, mesmo que isso custe muitas vidas, como uma das que se perdeu ontem vinda de Rio das Ostras...

...com o paciente tendo que enfrentar uma longa viagem em estado crítico, tendo que parar em Italva para ser estabilizado, e para chegar em Bom Jesus do Itabapoana para somente falecer aqui, somente para garantir o pagamento dessa internação, de um paciente que poderia ser salvo se fosse conduzido para o hospital de campanha de Cabo Frio, que está subutilizado.


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