A CPI da Pandemia e suas reações

O cérebro bolsonarista é programável, sem memória e sem capacidade de raciocínio

Preliminarmente, é importante informar que o jogo político no Senado Federal é totalmente diferente da Câmara dos Deputados, onde o Centrão dita os rumos sobre qualquer investigação ou julgamento desfavorável ao presidente Bolsonaro, os senadores em sua maioria, ou são oposição ou do bloco independente, a base bolsonarista é minoritária fazendo com que ele tenha uma postura acuada conforme todos observaram na conversa com o senador Cajurú.

Se o presidente tivesse plena convicção que fez tudo dentro do sensato mediante a pandemia, ele reagiria com tranquilidade afirmando que não tem nada a temer, e que a CPI servirá para ratificar que ele não teria culpa alguma pela tragédia que se configurou a pandemia do COVID-19 no Brasil. Ele ao demonstrar contrariedade, e também receio, de ser o único alvo da CPI e ser alvejado por um “relatório sacana”, ele admite que existe subsídios para alimentar esse relatório, caso contrário ele enfrentaria com tranquilidade um relatório que fosse tendencioso e sem fundamento.

Ao propor que a CPI investigue governadores e prefeitos, ele admite que os instrumentos de controle social e de combate a corrupção do governo federal, no caso CGU, Ministério da Justiça e PF, falharam no acompanhamento da aplicação dos recursos federais repassados aos entes federativos, e ainda admite que ele se sentirá melhor estando envolvido em um processo investigatório contra aqueles que ele rotineiramente acusa de desviarem recursos, como no caso dos governadores adversários.

A estratégia do presidente de ampliar o escopo do CPI para governadores e prefeitos, vem de encontro com a recorrente reação bolsonarista de sempre que enquadrado por algum fato que envolve atos ilícitos do presidente e seus filhos, eles tratam logo de trazer algo que eles consideram semelhante de Lula ou de Dilma para justificar a sujeira bolsonarista. Frequentemente eles buscam no passado petista uma justificativa para o presente bolsonarista.

A idiotização-bolsonarista chega ao ponto dos seguidores do presidente se esquecerem, ou ignorar, que a Polícia Federal já realizou mais de SETENTA operações de combate aos desvios de recursos federais da pandemia em estados e municípios, e ainda não se lembram que o governador do Rio de Janeiro foi afastado por este motivo, e mesmo assim os idiotizados estão vibrando nas redes sociais com o fato da CPI abranger governadores e prefeitos, como se esses não estivessem sendo investigados e enquadrados. Os bolsonaristas são incapazes de constatarem que o único personagem político que ainda está impune e sem nenhuma investigação em curso, é justamente o presidente.

O tiro-no-pé-bolsonarista que constitui com a abrangência da CPI para investigar governadores e prefeitos, pode ser aferido no fato dos aliados de Bolsonaro nos estados e municípios serem alvejados, além de demonstrar que os repasses federais específicos para o combate a pandemia são muito inferiores aos divulgados nas redes bolsonaristas, e que alimentam o conteúdo dos seguidores do presidente com valores que são turbinados com os repasses constitucionais da União aos estados e municípios.

Cabe salientar que a CPI não resulta em impeachment automaticamente, a Comissão Parlamentar de INQUÉRITO é um procedimento inquisitório, investigatório, que produzirá um relatório a ser encaminhado a PGR, ou mesmo podendo ser utilizado por qualquer pessoa para ingressar na Câmara dos Deputados com o pedido de abertura de um processo de impeachment. Indiscutível é, que no mínimo os desdobramentos da CPI resultarão em substancial desidratação do percentual de apoiadores do presidente, com sua rejeição aumentando ainda mais.

Os fatos determinados no pedido de abertura da CPI, representado pelo senador Randolfe Rodrigues, aponta sobre a conduta do presidente e as medidas tomadas ou omitidas pelo governo federal, inserindo ainda os repasses federais sobre o enfrentamento a pandemia aos estados e municípios, e sem dúvidas, que as atenções do processo estarão voltadas nas tomadas de depoimentos dos atores envolvidos, como os ex-ministros da saúde Luís Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazzuello, além do CEO da Pfizer que concedeu uma entrevista/denúncia a revista Veja em outubro de 2020, sobre a negligência do presidente quanto a oferta de venda de 70 milhões de doses da vacina em agosto.

No tocante da postura do presidente, além de sua manifesta posição contrária as vacinas por reiteradas vezes, ele ainda responderá por outras condutas como a de estimular aglomerações, da insistente crítica quanto ao uso de máscaras, da insistência em propagar a hidroxocloroquina como medicação eficaz na prevenção da COVID-19, na aquisição de uma quantidade absurda do mesmo medicamento para distribuição aos estados e municípios, e com valores superfaturados, além da escandalosa omissão na crise aprofundada em Manaus.

Finalizando, a instauração da CPI da pandemia não comprometerá nos trabalhos do sistema de saúde no enfrentamento ao vírus, e muito menos causará qualquer interferência institucional nas eleições de 2022, pois no contexto sanitário não há como piorar o cenário com mais de 350 mil mortes, e os trabalhos investigativos tem prazo limite de noventa dias, com possibilidade de se estender no máximo por mais noventa dias, portanto, o relatório conclusivo será pronunciado ainda neste ano, entre julho e agosto ou outubro e novembro.

No vídeo acima, temos uma entrevista esclarecedora do senador Randolfe Rodrigues, autor do pedido de abertura da CPI da pandemia.

Comentários

Postagens mais visitadas