SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DIZ QUE ENSINO MÉDIO SOFRERÁ ALTERAÇÕES EM 2022
Enviado pela Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Comissão da
Alerj defende, no entanto, que se faça um amplo debate com profissionais do
setor para a implementação dessas mudanças.
A partir de
2022, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) irá implementar uma nova base
curricular para os alunos do Ensino Médio. A medida, que atende à Lei Federal
nº 13.415/2017 e cria uma Base Nacional Comum Curricular, foi debatida nesta
quarta-feira (30/06), em audiência pública da Comissão de Educação da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj). No encontro, professores e
alunos discordaram da medida e pediram o adiamento ou a suspensão da reforma.
"Ouvimos
todas as posições e ficou claro para a comissão que não foi realizado, pela
Seeduc, um amplo debate do tema. Antecipo que a comissão vai propor que se repitam
esses debates com todo o setor da educação, já que a secretaria alega que não
pode adiar a medida que tem imposição Federal", comentou o presidente da
comissão, deputado Flávio Serafini (PSol). Ele também lembrou que desde o
início da pandemia cerca de cinco mil professores saíram da rede e não houve
reposição. "Antes de mudar o currículo é preciso solucionar problemas como
esse", alertou.
Em resposta,
a subsecretária de Gestão de Ensino da Seeduc, Joilza Abreu, informou que foram
realizados debates presenciais, híbridos e remotos, para analisar a Reforma
Curricular. "Foram mais de 20 mil participantes, entre eles pais, alunos,
professores e representantes dos sindicatos", disse. Porém, o professor e
representante do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de
Janeiro (Sepe), Matheus Mendes, alegou que não foi feito um debate acerca do
assunto, apenas enviado às escolas uma consulta pública da reforma.
"Os
meus alunos, por exemplo, não sabiam dessa mudança. Qual é o objetivo de uma
consulta que começou a ser feita depois que o projeto já tinha sido
estruturado? Não houve um debate. Além disso, há uma falta de transparência
sobre os itinerários e a distribuição da carga horária", disse Matheus que
lembrou que o sindicato fez um abaixo assinado com mais de quatro mil
assinaturas pedindo o cancelamento dessa medida.
Reforma
Curricular
A reforma
prevê uma ampliação da carga horária do estudante na escola e uma nova
organização curricular. No novo modelo o ensino será dividido em dois grupos, o
de formação geral básica, contemplando as disciplinas de português e matemática
obrigatórias para todos os estudantes; e as disciplinas complementares que
serão opcionais ao aluno, como física, biologia e química. Porém,
independentemente da escolha, ele terá que completar 1.200 horas de aulas
assistidas ao longo do ensino médio.
Segundo
Joilza Abreu, a Seeduc está fazendo um estudo amplo e não tem a intenção de
dispensar os professores ou aumentar a carga horária dos docentes. "Hoje
temos sete grupos de trabalho formados e um deles vem pensando nas ofertas de
componentes eletivos e outro trabalhando as atividades interculturais, por
exemplo. Só depois de analisar todas as frentes vamos definir o currículo.
Falou-se muito no aumento de carga horária e garanto que isso não vai
acontecer. O que vai ocorrer é uma adequação das horas", afirmou. De
acordo com a Seeduc, será um ensino integral, sem o horário integral.
Para o aluno
Bruno Nunes, representante da Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado
do Rio de Janeiro (AERJ), ainda não é possível identificar o ponto positivo da
reforma. "Sentimos que ela precisa ser mais discutida. Nesse momento ela
está sendo imposta para que funcione. Ela já foi testada em outros tempos e
também não deu certo. A única diferença é que ela vai aumentar a desigualdade
do ensino entre os alunos ricos e pobres do estado, já que não teremos mais as
matérias complementares como física e química, como obrigatórias, elas serão
complementares, ou seja, de escolha do aluno cursar ou não. Não acredito que as
escolas particulares vão deixar de lecionar essas disciplinas da forma
tradicional", considerou o estudante.
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