As regras espirituais da vida humana, deveriam partir da concepção
Se um vida foi concebida através de um ato violento, desumano e criminoso, porque condenar a mãe perpetuamente a relembrar o trauma pelos restos de seus dias?
Eu tenho um sonho, de um dia ver todas as igrejas condenarem o genocídio da população negra e jovem das favelas pelas operações/carnificinas nas favelas, com o mesmo vigor que defende um estrupo para justificar o salvamento de uma vida, no caso de um feto ainda em formação.
Sobre a nova polêmica relacionada ao tema, republico um texto veiculado em junho deste ano, sobre o mesmo tema acerca de uma ocorrência trágica ocorrida em Bom Jesus.
Você que “é
contra” sem se aprofundar no tema, não contribui contra a prática clandestina e
ainda colabora com as mortes de DUZENTAS MULHERES por ano
A
Constituição Federal de 1988 prevê a realização de aborto em três casos, quando
o feto foi concebido através de um estupro, quando há risco de morte da mãe, e
quando se constata que se trata de um feto anencéfalo, porém o texto
constitucional exige que se regulamente a prática no Sistema Único de Saúde...
...para que se
tenha real controle sobre as circunstâncias que venham a autorizar o
procedimento na rede público, passando a gestante pela triagem do serviço
social e de avaliações clínicas para se constatar a real necessidade...
...oportunizando
assim ao poder público, através do sistema de saúde preventiva, em convencer a
gestante a não interromper a gravidez se ela não se enquadrar nas condições
previstas na CF de 1988, oferecendo a ela suporte social e psicológico para até
contornar a situação com os pais, em caso de menor ou dependente...
...evitando
assim que essas mulheres não recorram aos meios clandestinos e precários, que
resultam em uma morte a cada dois dias, isso sem contar a quantidade de abortos
que são realizados clandestinamente.
O que se
propõe no debate sobre o aborto é REGULAMENTA-LO no SUS, para assim evitarmos
uma tragédia como essa ocorrida em Bom Jesus do Norte nesta semana, pois a
sociedade com todo seu conservadorismo reacionário, joga duzentas mulheres
todos os anos no abismo desses procedimentos mortais...
...e muito
menos se evita que os abortos se realizem, pois se temos uma mulher morrendo a
cada dois dias por conta da precariedade sanitária desses procedimentos
caseiros ou em clínicas subterrâneas, temos então milhares de fetos sendo
ceifados sem que tenhamos o menor controle sobre obter uma chance mínima que
seja, para convencer a mãe a dar a luz...
...e não
joga-la no gueto da clandestinidade que ceifa com vidas de quem poderia gerar
outras vidas, mesmo porque, se uma gestante se engravidou através de um estupro
e a proibimos de abortar esse feto indesejado, concebido por um ato
extremamente violento...
...estamos
assim condenando ela a pena perpétua de ter que viver eternamente com a memória
de um momento tão brutal e traumático para a vida de qualquer mulher, e
geralmente as vítimas desse proibicionismo inconsequente são as mulheres pobres
das periferias brasileiras, pois as com poder aquisitivo têm acesso a clínicas
estruturadas, mesmo que clandestinas.
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